terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O Sol é para Todos

Pensei muito para começar este post. É preciso muito cuidado para se falar de "O Sol é para Todos". Isso porque uma escassez de elogios pode não transparecer a imperiosidade do filme, assim como um excesso pode ser tornar muito clichê. Mas mesmo assim, nada do que eu consiga dizer será suficiente para demonstrar pra vocês a magnitude dessa história (só vendo mesmo pessoal).

Eu o vi pela primeira vez não faz muito tempo. Já eram 11 horas da noite de um domingo, hora não muito propicia pra assistir qualquer filme, na minha filosofia (só de pensar que já é quase segunda-feira me dá uma preguiça e uma tristeza fora do normal). Mesmo assim, eu parei pra assistir. Foi tão envolvente e tão reflexivo, que quando terminou (já era segunda-feira) eu ainda fiquei uns 15 minutos parada, olhando para a televisão desligada, só pensando nele. Fui dormir só pensando nele. Pelo o que vocês podem perceber, é um filme impactante.

O filme é narrado pela filha do herói da história, Scout, e se passa em Maycomb, Alabama, quando ela tinha 8 anos de idade, na época da depressão. A narrativa é simplesmente perfeita e muito, muito inteligente. Assim posso demonstrar a vocês com as primeiras linhas dela: "Maycomb era uma cidade velha, mas era uma cidade velha e cansada quando eu a conheci... Não existia pressa, isso porque não se tinha pra onde ir,nada pra comprar e nenhum dinheiro pra comprar nada, nada pra ver além dos limites de Maycomb County. Mas era uma época de um vago otimismo pra certas pessoas: Maycomb County tinha acabado de receber a notícia de que nada deveríamos temer, a não ser o nosso próprio medo."


Assim ela começa a contar sobre seu pai Atticus Finch (a melhor atuação no cinema de Gregory Peck), homem admirável e honrado advogado, que cuidava de seus dois filhos com a ajuda de sua empregada, Calpurnia. Suas pacatas vidas começam a mudar quando Atticus aceita defender um negro, acusado de violentar uma moça branca, numa cidade extremamente racista. E o mais impressionante é que nada no filme demonstra se ele é inocente ou não; o telespectador vive como se fosse um dos jurados do tribunal. Por falar em tribunal, uma das melhores cenas de court drama que eu já vi na minha vida.


A moral de toda a história gira em torno de um comentário de Atticus. Quando seu filho Jem insiste em aprender a atirar, ele explica que deve se aprender em quem se deve atirar. Por exemplo, você pode atirar em corvos, que são maus e destróem as plantações, mas nunca se deve matar um rouxinol, que é bom, e só tra pureza e alegria com seu canto. Daí, você escolhe: quem na história são seus corvos e quem são os seus rouxinóis.

O filme é baseado no livro homônimo de Harper Lee, que ganhou o Pullitzer por ele em 1961. Desde então, o livro virou um clássico americano. Tanto que seu protagonista, Atticus, foi considerado o melhor herói da história do cinema, pelo AFI. Segundo Scout: "Foi em tempos como estes que eu achei que meu pai, que odiava armas e nunca esteve em guerra alguma, era o homem mais corajoso que já viveu."

A eterna história de bem x mal e de que lado devemos ficar é contada no filme de forma simples, mas tocante. Esse é outro filme que eu achava que deveria constar no currículo escolar. É dinheiro muito bem investido comprar o dvd e principalmente, o livro. Se o que eu falei aqui não despertou o interesse de vocês, então me desculpem, eu não deve ter dito o suficiente. Só vejam.

Ficha Técnica
Título Original: To kill a mockingbird
Gênero: drama
Tempo de duração: 129 min
Ano de lançamento (EUA): 1962
Estúdio: Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Robert Mulligan
Roteiro: Horton Foote, baseado em livro de Harper Lee
Produção: Alan J. Pakula
Música: elmer Bernstein
Elenco: Gregory Peck, John Megna, Frank Overton, Rosemary Murphy, Ruth White, Brock Peters, Estelle Evans, Paul Fix, Collin Wilcox Paxton, James Anderson, Alice Ghostley, Mari Badham, Phillip Alford e, e, e....Robert Duvall (é uma boa surpresa do filme)



Boa sessão (garanto que vocês vão ter)!

6 comentários:

  1. Este é um dos filmes da minha vida. Atticus Finch é o maior heroi da história do cinema. Um cara corajoso, um exemplo! Personagem principal de um filme que nos emociona e que nos dá certo orgulho, não acha?? :-)

    Aquela cena que o rapaz manda a filha do Atticus se levantar porque o pai dela tá passando me enche os olhos de lágrimas até hoje.

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  2. Eu sou simplesmente retardado pra ver este filme, alem do mais o livro é encantador!

    http://clubcinefilo.blogspot.com/

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  3. Tô vendo que "All the Classics" será um portal de aprendizados para mim. Taí mais um filme que ainda não assisti. Mas, claro, já ouvi (e li) muito sobre ele. Bela resenha, me atiçou a procurar o filme com maior vontade.

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  4. Cara, Priscilla

    Muito bom seu conteudo, estilo e conceito do blog! Estou bobo aqui, fascinado, pois tem uma escrita inteligente e gostei dos filmes abordados no post.

    Sou seu primeiro seguidor, ja te linkei ao meu blog, atualize mais e conheça meu espaço!

    gostei mesmo!

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  5. Olá, Priscila.
    Assisti O SOL É PARA TODOS há um bom tempo, e em muito motivado pela escolha do AFI do personagem de Peck como o maior herói da história do cinema americano. Me lembro de ter gostado do filme, mas sem dúvida preciso revê-lo. No entanto, acho que o Oscar de melhor ator daquele ano deveria ter ido para o Peter O'Toole, por LAWRENCE DA ARÁBIA.
    Escuta, vc mora em Niterói? Eu, apesar de mineiro, atualmente estudo na UFF, e também estou morando em Nikiti City... rs. Vamos ver se combinamos algo por lá qualquer dia...
    Grande abraço!

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  6. Adorei o blog. Vou seguir e lincar no meu. Esse filme ficou na minha memória para sempre. Obrigatório para todos!
    http://cinespaco.blogspot.com/

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